A
exposição ocupacional ao HIV, segundo estatísticas, ainda, é bem pequena,
quando comparada à exposição ao vírus da hepatite, por exemplo. O risco de
contaminação pelo HIV por acidente com agulhas contaminadas é de 0,32%, ao
passo que, para o vírus da hepatite C o risco é de 3%, e para a hepatite B
chega a 30%. Ainda, o risco de infecção parenteral por HBV é de 6-30%, ao passo
que para o HIV é de 0,35%, provavelmente, devida à baixa concentração de vírus
no sangue e a infectividade do vírus.
Os
casos relatados e documentados, no mundo inteiro, de contaminação por HIV de
profissionais da saúde, são próximos de uma centena. De acordo com as palavras
da Dra. Denise Cardo, do CDC - Atlanta, o HIV não adiciona risco, no entanto, o
medo da infecção acaba por prevenir outras infecções.
O
HIV foi isolado em sangue, sêmen, secreção vaginal, saliva, lágrima, leite
materno, líquor e fluido amniótico; entretanto, estudos têm demonstrado que
este vírus tem baixa infectividade e requer uma alta dose de inóculo para
produzir a doença. As vias de transmissão da doença são relações sexuais,
exposição a sangue e derivados e da mãe infectada para a criança. Sangue, sêmen
e secreção vaginal apresentam o risco de transmissão de HBV e HIV. Fluídos
sinovial, cérebro-espinhal, pleural, pericardial e amniótico não apresentam
risco, desde que, não contenham sangue visível.
O
risco mais comum num hospital é o acidente com pérfuro cortante. Alguns fatores
podem ser agravantes do acidente com perfuro cortantes, por exemplo:
-
A profundidade do ferimento;
-
Existência de sangue no instrumento perfurante;
-
A utilização do instrumento em contato com sangue de paciente;
-
A constatação do falecimento do paciente fonte próximo à data do acidente, o
que indica que este estaria em fase terminal da doença, com alta carga viral.
O
roteiro de precauções universais preconiza o uso de luvas descartáveis,
especialmente em atividades em contato com sangue e fluídos contaminados com
este; as luvas devem ser substituídas no contato entre dois pacientes; os
instrumentos perfuro-cortantes devem ser descartados em lixeiras adequadas para
esta finalidade; e finalmente, os trabalhadores com lesões cutâneas devem se
abster do contato com pacientes ou, alternativamente, fazer uso de dois pares
de luvas.
Nos
casos de comprovada contaminação pelo vírus HIV é recomendada a quimiprofilaxia
pós-exposição nos moldes da Portaria nº 874 de 03-07-97 do Ministério da Saúde.
Estudos mostram que o vírus HIV tem baixa infectividade e necessita de uma dose
alta de inóculo para produzir a doença. Segundo recomenda Lambertucci, Titular
do Departamento de Clínica Médica da FM UFMG, na contaminação acidental pelo
HIV, o mais rápido possível, ou em até 72 horas, deve ser administrado coquetel
dos seguintes medicamentos:
-
Retrovir (zidovudina - AZT);
-
Epivir (lamivudina - 3TC);
-
Crixivan (indinavir).
Segundo
recomendação do CDC - Center of Diseases Control - a profilaxia deve ser
iniciada imediatamente, ou no máximo, em duas horas após a exposição. Estudos
realizados em animais têm revelado a ineficácia da profilaxia após 24-36 horas.
Em
estudos epidemiológicos (caso-controle) de exposição acidental dos
profissionais da saúde, o uso do AZT (zidovidina-ZDV) resultou em 79% de
redução da infecção. O tempo ideal de profilaxia encontra-se indefinido; no
entanto, recomenda-se duração de 4 semanas para o tratamento. Associado ao AZT
tem sido comumente prescrita a administração conjugada de um inibidor de
protease - IP - que prejudica a fase final de formação do vírus HIV capaz de
infectar células humanas.
David
Ho, um dos maiores especialistas do mundo no estudo do vírus HIV, afirma que:
Para vencer o HIV, bata logo e com força, reforçando sua teoria de que o vírus
se multiplica rapidamente desde o momento da contaminação, havendo chance no
sucesso do tratamento profilático, desde que iniciado precocemente.
Infelizmente, o uso da profilaxia não garante 100% de sucesso. Existem casos
relatados de soroconversão, mesmo após a correta administração de drogas
antiretrovirais.
Interessante
ressaltar alguns procedimentos que não devem ser realizados após uma exposição
ao vírus.
No
desespero, o trabalhador que se julga infectado, acaba tendo procedimentos
perigosos ou que não possuem evidência de qualquer benefício. Nas contaminações
por pérfuro-cortantes não utilize qualquer produto ácido ou cáustico, ou que
contenha álcool, pois tais substâncias somente irão facilitar a disseminação
pelo vírus na pele. Lavar os olhos com álcool pode ser algo desastroso,
especialmente porque vascularizará toda a córnea.