sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Nomofobia: O vício pela tecnologia

O avanço da tecnologia nos deu maior acesso a informação. Fato. Nos deu também mais acesso uns aos outros e certamente hoje, aquela ideia dos “seis graus de separação” poderia ser reescrita. Mas temos maior acesso a tudo: serviços, entretenimento... Distrações.

Nisso chegamos a Nomofobia, o vício por ferramentas tecnológicas, principalmente celular, que hoje se configura um verdadeiro COMPUTADOR ÍNTIMO.
- Caso você esteja apresentando os seguintes comportamentos:
- Constantemente controlando seus e-mails;
- Não sai das redes sociais e deixa até de se alimentar para permanecer no chat;
- Escuta o telefone tocar ou vibrar mesmo estando desligado (sintoma fantasma);
- Tem tendência a supervalorizar relacionamentos superficiais nas redes sociais em detrimento dos relacionamentos reais;
- Não consegue ficar sem o celular, mesmo em ambientes inapropriados, tais como restaurantes, reuniões, levando o aparelho até mesmo quando vai ao banheiro...
Cuidado; esteja atento! Você pode ser um nomofóbico.
Mas por que o nome da compulsão caracteriza uma fobia?
A nomofobia é uma compulsão caracterizada pelo medo irracional de permanecer isolado e desconectado do mundo virtual e suas interações sociais. A internet é uma nova forma de vida social, e é natural do ser humano a busca pela aceitação.
Na abstinência do celular ou tablet (internet), os sintomas são muito semelhantes aos da síndrome de abstinência de drogas como álcool e cigarro. Vale a pena ressaltar que a nomofobia está geralmente relacionada com comorbidades secundarias de outros transtornos, principalmente os transtornos de ansiedade, tais como fobia social, síndrome do panico e transtorno obsessivo compulsivo.

Os principais sintomas da abstinência do celular/internet são: angustia, vazio existencial (a vida parece não ter mais sentido), desespero, estresse, irritabilidade, náuseas, taquicardia, sudorese, tensão muscular, panico, dentre outras manifestações.

Dopamina e internet:

Não podemos falar de dependência ou vicio sem compreendermos como isto acontece nos bastidores do nosso querido cérebro. Por este motivo, é imperativo falar da dopamina, a molécula do prazer, pois ela está diretamente relacionada com o nosso circuito de recompensa. A dependência do smartphone é como um vicio qualquer, apresentando, portanto, potencial aditivo e tendo como pressuposto a exclusividade, a tolerância e a abstinência, tendo igualmente a participação da dopamina em seus processos bioquímicos.
Além disso, o uso exagerado do aparelho pode causar inúmeros problemas de saúde física como: problemas de coluna, torcicolo, tendinites, insônia, estresse, ressecamento da retina, perdas auditivas, dentre outros.
Problemas de ordem emocional e psicossocial não ficam de fora, pois nossas crianças e adolescentes constantemente conectadas no mundo virtual, sofrem perda na capacidade de interação interpessoal, pois estes não desgrudam do celular para poder ficar mais tempo nos jogos e nos chats, esquecendo de interagir com pessoas reais e de realizar atividades cotidianas normais. Em alguns países, o uso excessivo do celular já é um problema de saúde publica.
O grande X da questão é que todos os dispositivos que os smartphones e tablets oferecem é o de proporcionar prazer e recompensa. Através desta logica, se algo nos proporciona prazer (ou dopamina no cérebro) a estratégia ou recurso mais eficaz, é substituir o prazer ocasionado pelo uso do celular,por outros reforçadores que podemos encontrar no nosso ambiente: Um amor real, atividades esportivas e interativas, a companhia de amigos em uma festa, tentar resgatar hábitos positivos e mantenedores de relacionamentos reais com amigos e principalmente com a família, e assim resgatar o afeto, o carinho, o toque e o “olho no olho”. Em outras palavras, presentificar as nossas vivencias reais.

A questão do uso patológico de chats e redes sociais, é que projetamos nossas pendencias e carências emocionais como um meio de contrabalancear o que não conseguimos ter, ser ou resolver na “vida real”. Encarar a realidade tal como se apresenta e procurar estratégias eficazes de inserção social, reconhecimento e resolução de problemas existenciais, é o primeiro passo para vivermos uma vida sem artifícios e mascaras. É necessário ter auto aceitação da nossa identidade para que tenhamos uma melhor qualidade de vida.